Oração – Juventude e Feminicídio

“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que
as correntes dela sejam diferentes das minhas.”
(Marielle Franco)

Hoje é o dia que a Família Salvatoriana e comunidades se unem para juntos rezar as diferentes realidades juvenis. Nesta primeira quinta-feira (04) do mês de março, as Comunidades Salvatorianas são convidadas a rezar pelas mulheres vítimas de feminicídio no Brasil.

Como diz os movimentos de mulheres: “a cada duas horas no Brasil, um girassol a menos”. Quando as mulheres não aceitam os papéis atribuídos a elas, são vitimadas, violentadas, perdendo até a própria vida. Realidade vivida por milhares de mulheres brasileiras, que vivem em um dos países mais violentos do mundo com crimes praticados contra as mesmas, como violência sexual, física, psicológica e patrimonial, tendo como causador principal, aquele que devia protegê-la e resguarda-la.

O Brasil foi um dos últimos países da América latina a tipificar criminalmente a violência doméstica. Apenas em 2015 foi sancionada a lei nº 13.104/2015, conhecida como lei do feminicídio, reconhecendo-o como um crime de ódio, tendo como característica central a aversão às mulheres (misoginia), pois normalmente é cometido com requintes de crueldade. O Brasil é o 5º País que mais mata mulheres no mundo. A cada duas horas, uma mulher é assassinada no Brasil, e as negras são as que mais morrem.  Desde que a Lei do Feminicídio entrou em vigor, o registro de casos subiu 62,7% no país, e a pandemia do Covid-19 chegou para agravar ainda mais esta situação, com o isolamento social as mulheres foram obrigadas a conviver mais tempo com os seus agressores.

Uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública realizada em 2020, apontou um crescimento de casos de quase 2% somente no primeiro semestre, e em alguns Estados do Brasil entre março e abril, houve aumento de 22,2% em casos de feminicídio, em comparação ao mesmo período de 2019; 90% dessas mulheres foram vitimadas pelo companheiro ou ex-companheiro. De acordo com o Instituto sou da Paz, o feminicídio tem sido observado em todas as faixas etárias, no entanto a mais atingida é entre 25 e 29 anos.

Fazer recorte na questão de gênero, especificando a questão da mulher é um grande desafio no acompanhamento aos grupos juvenis, tendo em vista que vivemos em uma sociedade patriarcal, machista e racista, que a cada dia inferioriza o ser feminino nos espaços ocupados, ou que pelo menos deveriam ser ocupados por mulheres. Embora ao longo dos anos se tenha percebido algumas modificações no constituir das relações entre homens e mulheres, ainda se sobrepõe o poder masculino ao ser e fazer feminino. É preciso perceber a desigualdade de gênero que perpassa há séculos pela construção das relações, e suas mazelas cravadas no imaginário feminino, que foram sendo ditas como verdades em que a mulher, pelo fato de ser mulher, já é um ser inferior, tal pensamento dificulta cada vez mais às mulheres se reconhecerem como protagonistas de sua história, com suas causas e lutas.

Diante dessa realidade, somos convocadas a mudar uma narrativa milenar, em vista da emancipação da vida das mulheres na Igreja e na sociedade, partindo da condição da qual seus corpos habitam. É urgente estabelecermos novas formas de relação onde a vida do ser humano, independente do gênero, tenha o mesmo valor em liberdade, dignidade e direitos.  As vidas das mulheres importam!

Vamos juntos rezar pelos nossos jovens:  https://bit.ly/2Ok6tZt

Confira também outras orações pelas Juventudes – https://bit.ly/2TZjXXz

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