O SONHO DE UMA BARONESA

No dia 19 de fevereiro de 1833, no Castelo de Müllendonk, perto de Mönchengladbach, na Alemanha, nasceu uma menina com um grande sonho.

Filha do Barão José Teodoro von Wüllenweber e Constança Elisabet Lefort recebeu no batismo o nome de Teresa Francisca Josefina Elisabete Constança von Wüllenweber. Com pais de intensa vivência cristã, cresceu numa atmosfera de amor, aconchego, bondade e fé que foi solidificando em Teresa um espírito profundamente religioso. Gozava de boa saúde, era esperta e travessa, inteligente e tinha talento para a música.

Como filha mais velha, devia herdar o castelo. Por isso, o pai procurou dar-lhe uma formação correspondente e qualificada. Quando atingiu a idade de 15 anos, Teresa devia completar sua formação, como era costume na nobreza. Foi para o pensionato das Irmãs Beneditinas em Liège, na Bélgica.

Teresa regressou à casa paterna aos 17 anos. O pai introduziu-a nos negócios do Castelo como filha herdeira, e esperava que em breve tivesse um distinto e famoso marido. Entretanto as aspirações de Teresa eram outras, e cada vez mais se sentia atraída para um caminho diferente daquele proposto pela família.

Com 20 anos participou de uma missão pregada pelos missionários jesuítas. Teresa sentiu-se fortemente atraída por tudo o que é apostólico e tinha uma grande paixão pelas missões. Ela lutava em seu íntimo para reconhecer a vontade de Deus a seu respeito e escreve: “Eu lia de preferência no Santo Evangelho, como no tempo de Jesus os apóstolos e as piedosas mulheres trabalhavam juntos por Cristo”.

A realidade histórica social da Alemanha estava bastante complicada. Acontecia o “Kulturkampf”, a Revolução Cultural contra a Igreja, iniciada na Prússia com Bismark. O barão José Teodoro era um homem político e participava ativamente nos Congressos Católicos, movimento da Igreja contra a Revolução Cultural.

Teresa alugou a antiga Abadia de Neuwerk e, aos 13 de novembro de 1876, silenciosamente se mudou para a Abadia. Deu a esta sua obra o nome de Instituto Santa Bárbara. Ali levava vida conventual, dedicando-se à instrução de crianças pobres, aulas de trabalhos manuais e canto. Mas estava descontente com a pouca chance de agir apostolicamente em Neuwerk. Temia morrer sem fazer algo pelas missões.

Finalmente surge uma luz em seu sonho apostólico missionário, como ela mesma escreve: ” … assim continuei a esperar e a rezar, até que, na Páscoa de 1882, aos 12 de abril, li um anúncio com a propaganda  da recém fundada Sociedade Apostólica Instrutiva, cujo  Fundador é o sacerdote alemão Padre Francisco Jordan e cujo carisma é: ‘Tornar conhecido e amado Jesus Salvador por todas as pessoas, de todos os modos e meios que a caridade de Cristo inspirar’.”

Nessa Sociedade ela percebeu que podia realizar suas aspirações missionárias que há muito tempo buscava. Aos 04 de julho chegou a Neuwerk, proveniente de Roma, o Padre João Batista Jordan – Fundador da Sociedade Apostólica Instrutiva. Em seu depoimento Teresa escreve:  “Meu mais ardente e único desejo é pertencer sempre mais à

Sociedade, até à morte. Deus te dou graças eternamente.’’  Aos 05 de setembro de 1882, Teresa fez seus primeiros votos, e foi admitida ao primeiro grau da Sociedade Apostólica Instrutiva.

Aos 21 de novembro de 1888, Teresa von Wüllenveber, seguindo o chamado do Ven. Fundador da Sociedade Católica Instrutiva, partiu do Instituto Santa Bárbara de Neuwerk para Roma.

No dia 08 de dezembro de 1888, dia memorável, na cidade de Tívoli-Itália, a Baronesa Teresa von Wüllenweber recebeu do Ven. Pai a Santa Regra e ele disse: “Se viverem isto se tornarão santas’!” Recebeu também de Pe. Jordan o nome de Ir. Maria dos Apóstolos. De modo simples e humilde, ela se tornou co-fundadora da Congregação das Irmãs do Divino Salvador e a primeira superiora e mestra das noviças das Irmãs Salvatorianas.

O compromisso era grande para Madre Maria dos Apóstolos. A ela foi dada a tarefa de colocar as bases para que a Congregação pudesse sempre corresponder às exigências de uma verdadeira vocação apostólica. Também se esforçava para guiar as Irmãs no espírito do Fundador, com um forte compromisso apostólico,  fundamentado no espírito de fé e oração, que foi purificado pela aceitação diária da cruz. Em 1890 partiram as três primeiras Irmãs missionárias para a Índia e mais três partiram em 1891.

Depois de uma vida laboriosa, vivida com dedicação e total consagração ao ideal e à missão salvatoriana, o Senhor, que Madre Maria amou desde a infância, veio buscá-la, em Roma, no dia 25 de dezembro de 1907, durante a missa de Natal, à meia noite, e foi sepultada no Campo Santo Teutônico.

Madre Libória Hansknecht, em 1939, introduziu o Processo da Causa de Beatificação de Madre Maria dos Apóstolos. Suas virtudes, sua fé e consagração a Deus e à causa missionária foram solenemente reconhecidas quando o Papa Paulo VI a beatificou, na Basílica de São Pedro. Era dia 13 de outubro de 1968.

Por: Ir. Rozilde Maria Binotto (SDS)

Em homenagem a Madre Maria dos Apóstolos, preparamos um Infográfico que conta a sua história de vida religiosa.  Acesse: https://goo.gl/HJq6pB

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